Em poucas palavras: a rosácea não afeta só a pele. Quando atinge as pálpebras e a superfície ocular, falamos em rosácea ocular — causa frequente de olho seco evaporativo por disfunção das glândulas de Meibômius. Resultado: queimação, areia nos olhos, visão que oscila e vermelhidão recorrente.
O que é rosácea ocular?
É a manifestação oftalmológica da rosácea. Inflamação crônica das pálpebras e da margem palpebral que engrossa e entope as glândulas que produzem a “parte oleosa” da lágrima. Sem esse óleo, a lágrima evapora rápido e o olho fica seco e irritado.
Sinais e sintomas comuns
- Queimação, ardor, sensação de areia
- Olho vermelho e irritado ao fim do dia
- Lacrimejamento paradoxal (o olho “seca” e depois lacrimeja)
- Visão flutuante, pior com telas/vento/ar-condicionado
- Crostas nos cílios, pálpebras avermelhadas
- Terçol/calázio de repetição
- Sensibilidade à luz
Por que a rosácea causa olho seco?
- Disfunção das glândulas de Meibômius (DGM): o óleo (meibum) fica espesso → tampa as saídas → a lágrima perde a proteção oleosa e evapora.
- Inflamação crônica da margem palpebral: piora a qualidade da lágrima e irrita a superfície ocular.
- Ácaro Demodex (em parte dos casos): favorece blefarite e coceira.
Tratamento: plano em camadas (personalizado)
1) Rotina de base
- Higiene palpebral: espuma/lenços específicos; limpeza da margem dos cílios
- Compressas mornas: 5–10 min, seguidas de massagem suave da pálpebra
- Lágrimas lubrificantes: preferir sem conservantes e, em DGM, opções com lipídeos
2) Controle da inflamação
- Colírios anti-inflamatórios não corticoides (p. ex., ciclosporina tópica sob prescrição)
- Curto curso de corticoide tópico em fases agudas (sempre com acompanhamento médico)
3) Tratamentos sistêmicos (quando indicado)
- Doxiciclina em dose baixa por tempo limitado (ajuda a fluidificar o meibum e modular inflamação)
- Alternativas quando não pode usar doxiciclina (avaliamos caso a caso)
4) Procedimentos em consultório
- Luz pulsada (IPL) para DGM e inflamação palpebral
- Expressão/meibomassagem assistida (desobstrução das glândulas)
- Termoterapia controlada para fluidificar o meibum
- Microexfoliação da borda palpebral em blefarite de repetição
5) Demodex (se presente)
- Higiene com melaleuca/terpinen-4-ol guiada pelo médico; ajustar maquiagem e higiene dos pincéis
6) Parceria com a Dermatologia
- Tratar a rosácea cutânea (metronidazol/ivermectina tópicos, protetor solar, laser vascular etc.) reduz “gatilhos” e melhora o olho.
Atenção: evite automedicação com corticoide ocular. Uso inadequado pode causar glaucoma e catarata.
Perguntas frequentes
Rosácea ocular tem cura?
É uma condição crônica com controle. Com rotina e tratamento, os sintomas podem ficar discretos por longos períodos.
Só lágrima artificial resolve?
Ajuda, mas não trata a causa (DGM/blefarite). Costumamos combinar higiene, compressas, anti-inflamatórios e, se preciso, procedimentos.
Posso usar lente de contato?
Pode, com avaliação individual. Em fases ativas, preferimos estabilizar primeiro. Lentes esclerais podem ser opção em casos selecionados.
Maquiagem piora?
Pode piorar se acumula na margem dos cílios. Prefira produtos não comedogênicos, evite passar delineador na linha d’água e retire completamente à noite.
Próximo passo
Se você tem olho seco recorrente, crostas nos cílios e vermelhidão, pode haver rosácea ocular. Na Singular Oftalmologia, avaliamos seu caso e montamos um plano de controle sob medida — do cuidado diário aos procedimentos no consultório.