O ceratocone é uma alteração progressiva do formato da córnea que gera astigmatismo irregular e visão borrada. As lentes de contato são, na maioria dos casos, a melhor forma de recuperar qualidade visual, porque “mascaram” as irregularidades da superfície corneana com uma nova superfície óptica lisa. Abaixo, explicamos os principais tipos e quando cada um costuma ser indicado.
Óculos (estágios iniciais)
- Quando ajudam: em fases muito iniciais, com astigmatismo ainda regular.
- Limitações: à medida que a córnea fica mais irregular, os óculos deixam de corrigir bem.
Lentes Rígidas Gás-Permeáveis (RGP corneanas)
- Como funcionam: apoiam-se na córnea; o espaço entre a lente e a córnea é preenchido pela lágrima, criando uma superfície óptica regular.
- Vantagens: excelente acuidade visual; alta durabilidade; ampla disponibilidade de diâmetros e curvas.
- Desafios: exigem período de adaptação; podem ser menos confortáveis no início; maior sensibilidade a poeira/vento.
- Para quem: ceratocone leve a avançado, sem cicatrizes centrais significativas.
Lentes Esclerais e Mini-esclerais
- Como funcionam: de diâmetro grande, apoiam-se na esclera (parte branca do olho) e ajustam a superfície, formando um reservatório de soro entre a lente e a córnea.
- Vantagens: conforto geralmente superior; visão estável mesmo em cones avançados; úteis em olho seco moderado a grave e em cicatrizes.
- Desafios: colocação/remoção exigem técnica; custo mais elevado; necessidade de solução salina estéril para o enchimento.
- Para quem: ceratocone moderado a avançado, intolerância às RGP corneanas, irregularidades acentuadas ou olho seco.
Sistema “Piggyback” (RGP sobre lente gelatinosa)
- Como funciona: uma lente gelatinosa fina melhora o conforto e a centragem; a RGP por cima fornece a qualidade óptica.
- Vantagens: aumenta o conforto e a tolerância à RGP.
- Desafios: duas lentes por olho (higiene e custos duplicados); atenção redobrada à oxigenação (preferência por materiais de alto Dk/t).
- Para quem: pacientes que veem bem com RGP, mas sentem muito desconforto.
Lentes Gelatinosas Especiais para Ceratocone
- Como funcionam: desenhos personalizados (espessadas, tórica/bitrórica, “KC-design”) feitos a partir da topografia/tomografia da córnea.
- Vantagens: conforto semelhante ao de lentes gelatinosas comuns; adaptação mais simples.
- Desafios: em cones mais irregulares, podem não entregar a mesma nitidez das RGP/esclerais; substituição regular.
- Para quem: ceratocone inicial a moderado, especialmente quando a irregularidade é menor ou quando o conforto é prioridade.
Cuidados e segurança
- Higiene rigorosa: lavagem das mãos, soluções adequadas, limpeza e fricção quando indicado.
- Oxigenação: respeitar o tempo de uso e o cronograma de troca; materiais de alto Dk/t reduzem risco de hipóxia.
- Sinais de alerta: dor, vermelhidão, secreção, queda súbita da visão. Nesses casos, suspenda o uso e procure avaliação.
- Revisões periódicas: fundamentais para checar a saúde da córnea, o encaixe e a qualidade das lentes.
Lentes x progressão da doença
As lentes melhoram a visão, mas não impedem a progressão do ceratocone. Tratamentos como o crosslinking podem ser indicados para estabilizar a córnea. Em situações selecionadas, anéis intracorneanos ou transplantes (DALK/PK) são considerados. A escolha do tratamento é feita em conjunto durante a consulta.
Perguntas frequentes
- “Lente cura o ceratocone?” Não. Corrige a visão; quem estabiliza é o crosslinking (quando indicado).
- “Posso usar lente após crosslinking?” Sim, muitas vezes com excelente resultado, após a cicatrização.
- “Quanto tempo dura uma lente?” Varia conforme o tipo/material e os cuidados. Em média, de 6 a 24 meses.
- “Tenho olho seco. Posso usar lente?” As esclerais costumam ser uma ótima opção nesses casos.
Próximo passo: se você (ou alguém da sua família) tem ceratocone e quer entender qual lente oferece o melhor equilíbrio entre conforto e qualidade visual, agende sua avaliação na Singular Oftalmologia. Vamos mapear sua córnea com precisão e montar um plano sob medida para você.